sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

Cuzco - O Pátio Secreto





Frêmito da filha adulta do senhorio
e do jovem estudante apaixonado
casa de cômodos de antiga nobreza
pequenas gavetas acomodam sonhos
e escondem escaninhos
transbordantes de delírios
Labirintos de corredores /gemidos
que terminam num diminuto pátio inca
do velho sobrado.
Amor de gelosia, suspiro apaixonado
pela pequena reclusa
Arrependido mira a porta
que lentamente se cerra
Almíscar perfuma a plataforma
e da sacada antiga o som da rua vocifera
grita alto 
Ardem seus toques e sons de buzina
homens e mulheres enfeitam com seus coloridos
trajes as suas callles estreitas
que se abrem em largas praças
com suas matrizes vermelho ocre
sangrentas 
Do soberano, a presença etérea
seu ouro desperta a cobiça de Pizarro
lançam nas ruas suas pepitas
que como os pelasgos
se transformam em morenas frontes
ao toque mágico da pedra
carregam o mundo às costas e sorriem
A porta pequena é varada 
o corredor se perde no pequeno jardim central
onde jorra uma fonte sobre a fundação do velho templo
a pedra sacrificial esconde o fundo da pia
o corpo da menina desnuda
bóia no espelho d'agua
frêmito de furor contido e gozo satisfeito
o rapaz abotoa lentamente sua camisa
e sai lentamente de cena,
fade out, fecha a cena
migalhas de lembranças abalam a rima...