sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

Cuzco - O Pátio Secreto





Frêmito da filha adulta do senhorio
e do jovem estudante apaixonado
casa de cômodos de antiga nobreza
pequenas gavetas acomodam sonhos
e escondem escaninhos
transbordantes de delírios
Labirintos de corredores /gemidos
que terminam num diminuto pátio inca
do velho sobrado.
Amor de gelosia, suspiro apaixonado
pela pequena reclusa
Arrependido mira a porta
que lentamente se cerra
Almíscar perfuma a plataforma
e da sacada antiga o som da rua vocifera
grita alto 
Ardem seus toques e sons de buzina
homens e mulheres enfeitam com seus coloridos
trajes as suas callles estreitas
que se abrem em largas praças
com suas matrizes vermelho ocre
sangrentas 
Do soberano, a presença etérea
seu ouro desperta a cobiça de Pizarro
lançam nas ruas suas pepitas
que como os pelasgos
se transformam em morenas frontes
ao toque mágico da pedra
carregam o mundo às costas e sorriem
A porta pequena é varada 
o corredor se perde no pequeno jardim central
onde jorra uma fonte sobre a fundação do velho templo
a pedra sacrificial esconde o fundo da pia
o corpo da menina desnuda
bóia no espelho d'agua
frêmito de furor contido e gozo satisfeito
o rapaz abotoa lentamente sua camisa
e sai lentamente de cena,
fade out, fecha a cena
migalhas de lembranças abalam a rima...   







sábado, 22 de novembro de 2014

O Império Inca - Formação




"O interior da Ásia despachou as hordas de cavaleiros em direção ao Ocidente, citas, hunos, e por último os mongóis em levas sucessivas e se tudo não é ilusão, também vogaram daquela mesma Ásia, desde o sétimo século antes de Cristo, juncos chineses a vela sobre o Oceano Pacifico, e o estilo chinês Chou influenciou decisivamente nas terras costeiras do Peru aquela fase de cultura que nós hoje chamamos de Chavin."



"Sobre o Oceano Pacifico juncos da China central e do sul, e mais tarde do Cambodja, que primeiro teriam sido desencaminhados por tempestades e depois voltaram para, finalmente bem aparelhados, partirem com rumo das Terras do Ouro aos pés dos Andes, eram igualados pelas jangadas e balsas da cultura de Tiaunaco, bem apetrechados para o alto mar, que, ao que se supõe, por volta do ano 1000, alcançaram ilhas do Pacifico, permitindo que, no décimo-quinto século depois de Cristo, o inca Tupac Iupanqui fizesse seus carpinteiros construírem jangadas de guerra para conquistar ilhas do Pacifico."



"A cerâmica da velha cultura Chavin, decorada com dragões com cauda de serpente e com asas em forma de foices, outros objetos da cultura Galinazo fabricados em cobre, visivelmente sob a influência chinesa, com seus vasos de cabeças mongolóides, os vasos de mármore do vale de Ulua, nas Honduras, que representavam uma espécie de estilo colonial chinês - tudo isso faz que nos apareça sob uma outra luz a obstinação de Colombo que supunha ter aportado ao reino do grande Khan."

Vaso de Mármore - Altiplano Oriental - Honduras
Maias -Clássico Tardío (600 - 900 DC) 
Alto 11 cm; diámetro 12 cm.

"E existem ainda muitas lendas e fábulas de homens que tinham vindo do mar, descido em terra e fundado reinos na América Pré-Colombiana."

( Impérios Soterrados - Hermann e Georg Schreiber - Ibrasa - 1961 - pág. 271-274)  

terça-feira, 2 de outubro de 2012

HUACACHINA

Huaca China - fonte: GOOGLE
Vista do Hostel Casa de Arena
Aproveitamos para fazer as reservas para nosso sobrevoo para observar os desenhos e linhas em Nazca que seria no dia seguinte. Depois de fazer as reservas e marcar nossa saída de Nazca para Cuzco por via rodoviária através dos ônibus de dois andares da Cruz Del Sur andamos pela laguna de mãos dadas, enamorados, aproveitando a lua cheia que refletia e iluminava a calma lamina de água. Seus prédios em estilo hispânico do início do século passado davam o tom romântico impossível de não contagiar quem se encontra em suas margens e logo pensa em abraços e beijos.


Os casais ao luar usam os bancos para namorar tranquilamente em seu universo particular. Na varanda de um antigo hotel uma festa com pessoas vestidas em ternos e vestidos e uma banda tocando uma salsa rasgada dá o tom latino. Parecia uma festa de bodas. Depois um bar tocando Bob Marley, onde resolvemos sentar para apreciar o lugar bebendo uma cerveja kuskeña e um pisco sour com batatas e queijo derretido. Voltamos ao hotel pois na manhã seguinte teríamos que acordar bem cedo. 

         
Curtimos a noite e voltamos ao hotel que mais parecia uma balada com jovens de vários países enchendo a lata e dançando num frenesi de um verdadeiro ritual de acasalamento que lembrava a algazarra das aves nas ilhas Ballestas. Foi difícil pregar o sono pois a festa rolou noite a dentro.


Huaca China - A QUE FAZ CHORAR


 

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Reserva Federal de Paracas



O Candelabro é um misterioso sinal gravado na encosta desértica que permanece  graças ao tempo seco e a ausência de erosão natural. Alguns  associam o sinal às  linhas do Vale de Nazca, outros dizem tratar-se de um sinal aos navegantes que podem avistar  a forma de  tridente à distancia. Teria sido feito para facilitar o desembarque da frota  do argentino San Martin, libertador do Peru 

Bandos de pelicanos vivem nas falésias da costa

Pela tarde o dia abriu num azul iluminado que mudou completamente as tonalidades do deserto até o momento cinzas pelas nuvens da manhã. Um colorido de tons, estratos de rochas e areias, montanhas com diferentes cores que lembravam aquelas fotos tiradas pelas naves robôs em Marte. Seguimos de micro-ônibus pelo deserto com nosso guia que parecia ter origem européia e se vestia como um Indiana Jones mais pobre. Sua roupa de selva era camuflada com um verde forte que destoava completamente do ambiente pleno de tons amarelos da planície desértica. Parecia ao longe um arbusto em meio a terra estéril. Com certeza sua camuflagem era tão eficiente como a de um pavão no deserto. Mas ele tinha um bom conhecimento da região e sua fauna. Discorreu sobre o fato de toda aquela região ser o antigo leito de antigo oceano que na época da formação dos continentes, no choque das placas tectônicas formaram a Cordilheira do Andes. Muitos fósseis de animais marinhos confirmam a tese, pois várias espécies foram pegas de surpresa no cataclismo e permanecem seus vestígios como que petrificados na posição de ação quando vivos. Conforme a luz do sol refletia sobre as encostas das montanhas a multiplicidade das cores do deserto revelavam nuances de beleza e diversidade inimagináveis para uma região  aparentemente sem vida.

    

O arco que encimava a rocha foi destruído pelo último sismo
alterando em definitivo a  forma da falésia


Playa Roja
A composição do leito da Playa Roja é
de pequenas pedras de tom avermelhado


A paisagem se assemelha ao que vemos sobre Marte 
As tonalidades de cores do deserto são variadas 
As belezas naturais no Parque são monumentais


Ao fim do passeio chegamos a um entreposto de pescadores onde vários  restaurantes a beira mar serviam seus frutos. A Silvia é vegetariana convicta e não transige de sua dieta. Para alegria dela serviam um prato vegetariano: arroz, omelete de legumes e papas. Eu cai de boca em mariscos ao natural, diferentes dos que existem no Brasil e absolutamente deliciosos, com um sabor exótico, regados pela famosa cerveja Kuskeña, e depois comi um filé de peixe com cebolas ao limão, aipim, batatas doce e fritas comum nestas paragens.
Após a jornada o descanso merecido na vila
 de pescadores bem na hora da fome
Comida farta, mariscos e peixe com papas.
cebolas regado por deliciosos limões
e Cerveja Kuskeña bem gelada.
Os pelicanos aguardam a chegada dos barcos dos
pescadores para também fazer uma boquinha
A fé católica introduzida a força pelos espanhóis
 está sempre presente em todos os momentos da vida
desse povo que desde tempos imemoriais foi religioso
A despedida da Reserva


A paisagem lembrava um filme de algum lugar distante, um outro planeta,  com pescadores desembarcando seus pescados para o mercado sob o olhar atento de gaivotas e pelicanos. Ao longe as falésias onde quebrava o oceano, uma pintura cheia de muitos tons, com certeza  obra do Grande Arquiteto Universal. Ao fim do dia voltamos exaustos para HuacaChina



terça-feira, 11 de setembro de 2012

Islas Ballestas - Huaca China - Reserva Federal de Paracas

Tahuantinsuyo é como os Incas denominavam seu império, que segundo o Inca Garcilaso De La Vega, um dos primeiros cronistas autóctones a se expressar e escrever na língua castelhana significa: "As Quatro Partes do Mundo". A dominação incaica se estendeu a vastas áreas, abrangendo todos os povos do altiplano até o Norte do Chile, Sul da Colômbia, ocupando os territórios atuais da Bolívia, Peru e Equador e as encostas que descem para o Oceano Pacifico, influindo econômica e militarmente sobre as terras baixas ao Leste e Sul, tanto nos pampas argentinos como na região amazônica. O nome Peru foi dado pelos espanhóis quando chegaram na região, de forma errônea, pois ao sequestrar um indígena que pescava na costa e perguntar-lhe o nome do país, ele atemorizado imaginou que estavam perguntando seu nome e respondeu - Berú - ou qualquer outro som semelhante, levando os conquistadores a considerar o todo pela parte. Esses erros de interpretação eles iriam cometer ainda muitas vezes ao traçar falsas analogias e impingir aos nativos suas crenças, conceitos e superstições medievais de origem européia.

Pela manhã saímos cedo do hostel e nos dirigimos em direção a estação de onibus da Cruz Del Sur, que é uma rodoviária privativa dessa empresa. Deixamos as mochilas no guarda bagagens do local e para matar o tempo até a hora da partida vistamos o Museo Nacional de Arqueologia, Antropologia e História Del Peru ( vejam as fotos na postagem anterior ). Pela tarde embarcamos no ônibus em direção à Ica, ao Sul.

Os ônibus de dois andares com visão panorâmica da companhia são confortáveis e possuem serviço de bordo. No circuito interno de TV passam filmes para distrair os passageiros. O que desagrada um pouco é o som alto do filme que o passageiro é obrigado a escutar. Passou um enlatado americano, um filme ufanista e megalômano de ficção cientifica onde o velho jogo de batalha naval vira argumento para exaltar as qualidades norte americanas e de seus aliados contra improváveis aliens que pretendem invadir o planeta.


Pela janela panorâmica frontal descortinamos uma topografia desértica de montanhas relativamente baixas e arenosas, características da linha costeira, e durante o trajeto de vez em quando surge o Pacifico majestoso que se alonga pela costa numa estrada moderna, com qualidade invejável, de duas pistas e que faz parte da via Panamericana. O ônibus trafega no máximo a 90km por hora pela norma da companhia que podemos comprovar pelo sistema digital no piso superior que informa a variação de velocidade do veículo. A viagem durou toda a tarde e ao anoitecer chegamos à Ica. Providenciamos um taxi para Huaca China, o lugar onde combinamos pernoitar antes de seguirmos para nossa aventura no mar.



OBS: Meu comentário pouco espirituoso ao final dessa tomada se refere ao fato de ser proibido fazer o dois nos toiletes do ônibus e caso fosse necessário devia se avisar o motorista para uma parada obrigatória. Me lembrou os tempos de primário quando tínhamos que pedir à professora para ir lá fora e solicitar o papel higiênico. O constrangimento era tanto que muitos preferiam fazer nas calças a pedir para sair.


Huaca China é um pueblo no meio de dunas arenosas, um oásis com uma laguna ao centro, com vocação turística e ideal para a prática de sandboard e passeios de buggy. Ficamos horpedado num hostel chamado Casa de Arena, cheio de jovens de todos os lugares do mundo e com uma happy hour que se estendia até às 3:00 horas da madrugada. Foi difícil pregar o olho, mas valeu a pena cada minuto que ficamos em Huaca China. Reservamos numa agência local os passeios para as Islas Ballestas de onde se extrae o guano a partir do excremento das aves e o Parque Nacional de Paracas, uma zona desértica a beira do Pacifico para a manhã seguinte.

ISLAS BALLESTAS 

Acordamos às 6:00 horas para esperar a van que ia nos levar até a marina de onde saem as lanchas para as Islas Ballestas, um santuário natural de aves marinhas, leões do mar e um antigo local de exploração do guano. Segundo Darcy Ribeiro em sua obra: "As Américas e a Civilização" - "A primeira associação com empresas estrangeiras se deu com a exploração dos excrementos de guano que, por décadas, constituiu a principal renda da República Peruana".  O guano, rico em propriedades minerais é um excelente fertilizante e antes de ser explorado como riqueza de exportação era utilizado pelos incas em suas áreas de regadio nas encostas rochosas e desertos garantindo a fertilidade da terra, a produção de suas colheitas e a fartura de alimentos. Após a conquista a prática de adubação foi abandonada pelos espanhóis e os sistemas de irrigação destruídos, o que condenou as populações locais a fome e miséria causando um descenso da população, em poucos anos, de cada 20 para 1 habitante e comprometendo as gerações futuras dos séculos posteriores.

A Silvia tomou um Plasil, pois às vezes sofre enjoo com aventuras marítimas. Chegamos na marina e em pouco tempo, depois das burocracias de praxe, embarcamos na lancha que nos levaria até à reserva marinha. O ingresso na Reserva Nacional Sistemas de Islas, Islotes Y Puntas Guaneras é de cincos soles por pessoa fora o ingresso na embarcação que havia sido pago previamente junto com o transbordo de van.

   

Golfinhos cercam as lanchas com movimentos sinuosos em um namoro sensual, natural da espécie que como nós os humanos quando não estão em busca de alimento só pensam no prazer do sexo.



Após o bailado dos golfinhos se afastar para longe da presença humana a lancha seguiu em direção às Islas Ballestas onde novas surpresas naturais estavam a nossa espera. 



Os leões marinhos descansam pachorrentos nesse santuário longe dos seus predadores naturais e protegidos pelas leis ambientais do Peru. Sob olhar vigilante dos guardas marinha e dos turistas curiosos os machos protegem suas fêmeas e reproduzem-se em absoluta tranquilidade. 



O forte odor de guano exala das ilhas enquanto aves sobrevoam em alerta as lanchas que cercam a enseada.




De repente a surpresa, uma baleia azul é avistada pelo piloto da lancha que tenta uma aproximação.



A busca prossegue e todos ficam atentos aos movimentos das ondas tentando distinguir o visitante




Cada movimento gera a atenção dos turistas que ganharam um verdadeiro bonus com a presença de uma espécie que não costuma frequentar esse habitat.



Enfim ela surge com sua beleza para encanto de todos



Retornando às Islas Ballestas para observar os pássaros que preenchem cada espaço de terra. O cheiro do guano enche as narinas. Cormorões, pelicanos e pinguins de Humbolt dividem os espaços dos costões em absoluta algazarra enquanto bandos de leões marinhos descansam para de noite partir em busca de alimento.  




O dia nublado não roubou a beleza do passeio e ainda ganhamos a oportunidade de ver uma baleia azul. Ao fim da manhã a Silvia estava surpreendentemente OK, não ficou enjoada nem nada e eu estava louco de fome, mas naquele dia ainda tínhamos a segunda etapa que era visitar a linda Reserva Natural de Paracas.

OBS: As tomadas foram gravadas por câmera não profissional e servem só para dar uma vaga ideia,  como um instantâneo, das coisas e acontecimentos que ocorreram no dia. Posso garantir que as paisagens e situações gravadas são apenas uma pequena parcela da beleza e exuberância da natureza local.



  

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Centro Histórico de Lima



O CENTRO HISTÓRICO DE LIMA é composto por estilos arquitetônicos variados que exprimem as várias etapas cronológicas de exploração econômica do país, de onde a cidade é o receptáculo da prosperidade da classe mais abastada de mestiços que aliaram-se ao capital externo para explorar a mão de obra indígena e as riquezas naturais do seu próprio território nacional.

Os monumentos e construções traduzem as afinidades estéticas da classe dominante com os valores culturais trazidos de fora para legitimar seu processo de dominação sobre o autóctone indígena.